Visão da Diretora

Desde a pandemia, passei a refletir sobre minha trajetória filmando diversas etnias indígenas no Brasil. Minha busca sempre foi filmar o invisível, inspirada no perspectivismo ameríndio e na fluidez entre o físico e o espiritual. As imagens deste filme rompem barreiras, capturando o que é visível aos indígenas, mas não aos brancos. Como em Apichatpong e Paula Gaitán, a câmera se confunde com a natureza, explorando texturas e filtros orgânicos. O processo é coletivo, incluindo oficinas com os próprios nativos. Busco as “gretas” de Lucrécia Martel, onde o cinema desconstrói a realidade e propõe novas possibilidades. Fronteiras separam, mas também unem, e é essa fluidez que desejo explorar. Vejo paisagens nos rostos e corpos indígenas, ecos de sua ligação com a terra. O filme é um espaço entre o político e o lúdico, onde o olhar se torna ponte entre mundos.